Dalia noir,
e eu te levarei ao jardim e descobrirei quem éramos em vidas passadas, e me dirás que te lembras de tudo e revelarás que foste a filha da anciana Chan que vendia verduras ao norte...
...onde pássaros selvagens de pescoço curvo, montados com peças de quebra-cabeças de porcelana chinesa, flutuavam no ar e refletiam-se na pele de vidro de uma altíssima parede, e num espelho d’água,
onde vicejavam narcisos, e jacintos e tabôas e vitórias-régias, que movimentavam-se ao sabor dos ventos, e banhavam-se lagartos e caymans, e um tigre de cristal, e havia uma estátua de Siddhārtha Gautama...\"
Estes trechos fazem parte de uma coletânea de 37 textos simbolistas reunidos sob o título de “Um exótico vestido azul de gola verde”.
Trata-se do resultado de um trabalho de reelaboração de frases poéticas e palavras que me chegam à mente muitas vezes ao despertar, outras vezes no meio da madrugada, parecendo brotarem do inconsciente – e que, perplexo, corro a anotar, e tento, depois, reorganizar, substituindo e acrescentando e eliminando, buscando obter textos passíveis de serem lidos com certa fluidez e musicalidade, sempre respeitando, no entanto, o fato de que, pela possibilidade de tratar-se de pura manifestação do inconsciente, não haja a necessidade de, superficialmente, fazerem sentido, o que pode, eventualmente, ocorrer, ou não.
Esse fluxo pode durar uns dois ou três dias, e termina inesperadamente, da mesma forma como se iniciou, e posso ficar, então, até semanas, ou meses, totalmente sem inspiração, até que se inicie um novo ciclo.
Espero que a mesma emoção que senti ao escrever, e depois ao revisar, você a sinta ao ler este meu trabalho.
Cyro Campagnola
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