Sabemos todos que a história se escreve na maioria das vezes com as tintas da crueldade, e que a escravidão no Brasil foi (e ainda o é, com suas conseqüências nem sempre lembradas: problemas fundiário-agrários, políticas e distribuições de cotas raciais, etc.) um capítulo escrito em linhas tortas ou tortuosas. E tem esse capítulo, neste conto do mestre Machado de Assis (1839-1908), como numa confluência feliz, e sem raiva ou ressentimento, uma página pujante de literatura e história. Sim, pois “Pai contra mãe” representa um encontro feliz entre a narrativa ficcional e histórica.