Horacio Quiroga, uruguaio de Salto, morreu em 1937. Em 1985, Woody Allen dirigiu A Rosa Púrpura do Cairo. As histórias são diferentes, as plataformas são diferentes, os autores não poderiam ser mais distintos, porém é difícil não lembrar do filme de Allen quando lemos este conto. Esta referência é um lembrete do vanguardismo e da capacidade criativa de Quiroga. A própria vida do escritor parece um livro fantástico, ou mesmo um filme, tal é o número de eventos estranhos. Aos três meses de idade Quiroga estava no colo da sua mãe quando seu pai ao descer de um barco acabou morrendo com um tiro de sua própria pistola. A mãe, levada pelo susto, soltou o bebê que quase caiu na água. Sua primeira mulher suicidou-se com veneno, mesmo artifício que o escritor usaria anos mais tarde para fugir do câncer. Quiroga era um grande admirador de Poe e Maupassant, influências visíveis no texto a seguir, e é até hoje reconhecido como um grande contista. Entre seus escritos estão Contos de Amor de Loucura e de Morte, Anaconda e O Deserto.