Chegando a esta cidade, em 20 de fevereiro de 1607, cinco religiosos de S. Francisco, hospedaram-se em casa de Pedro Afonso, junto a igreja da Misericórdia, onde encontra¬ram dois companheiros, frei Antonio das Cha¬gas e frei Antonio dos Mártires. Reunindo-se foram esses capuchinhos pedir ao governador Salvador Corrêa de Sá um asilo conveniente e digno, e interessando-se por eles conse¬guiu o governador doar-lhes a ermida de Santa Luzia, com terreno necessário para a fun-dação de um convento. Foram os franciscanos para a ermida, mas assustando-os a vizinhança dos jesuítas, cujo colégio dominava o morro de S. Sebastião, hoje do Castelo, ou julgan¬do pouco aprazível a habitação concedida por Salvador Corrêa de Sá, mudaram de residência e foram asilar-se na ermida da Ajuda. Mas ainda não satisfeitos pediram, rogaram, como frades que eram, e do governador Martim de Sá alcançaram, em 9 de abril de 1607, a doação do outeiro do Carmo que desde então recebeu a denominação de morro de Santo Antônio. Na parte mais elevada desse monte lançaram, em 4 de junho de 1608, a pedra fundamental do seu convento, cuja construção teve o auxílio constante do governador, o valioso apoio da câmara a dedicada proteção do povo. Um frade leigo preparou a cantaria do claustro(...)\"","bookFormat":"EBook","publisher":{"@type":"Organization","name":""}}
Lourenço de Mendonça
"O morro de Santo Antônio que se ergue no centro da cidade do Rio de Janeiro, teve primitivamente o nome de outeiro do Carmo por haver sido doado por um ermitão aos religiosos carmelitas.
Chegando a esta cidade, em 20 de fevereiro de 1607, cinco religiosos de S. Francisco, hospedaram-se em casa de Pedro Afonso, junto a igreja da Misericórdia, onde encontra¬ram dois companheiros, frei Antonio das Cha¬gas e frei Antonio dos Mártires. Reunindo-se foram esses capuchinhos pedir ao governador Salvador Corrêa de Sá um asilo conveniente e digno, e interessando-se por eles conse¬guiu o governador doar-lhes a ermida de Santa Luzia, com terreno necessário para a fun-dação de um convento. Foram os franciscanos para a ermida, mas assustando-os a vizinhança dos jesuítas, cujo colégio dominava o morro de S. Sebastião, hoje do Castelo, ou julgan¬do pouco aprazível a habitação concedida por Salvador Corrêa de Sá, mudaram de residência e foram asilar-se na ermida da Ajuda. Mas ainda não satisfeitos pediram, rogaram, como frades que eram, e do governador Martim de Sá alcançaram, em 9 de abril de 1607, a doação do outeiro do Carmo que desde então recebeu a denominação de morro de Santo Antônio. Na parte mais elevada desse monte lançaram, em 4 de junho de 1608, a pedra fundamental do seu convento, cuja construção teve o auxílio constante do governador, o valioso apoio da câmara a dedicada proteção do povo. Um frade leigo preparou a cantaria do claustro(...)"