Em Látex, temos um romance que se passa em dois tempos: na Vila da Barra de 1840 e na Manáos de 1926. O autor nos revela, de forma simbólica, a decadência da economia gomífera através do drama de um índio enlouquecido em um seringal e do naufrágio do vapor Paes de Carvalho, acontecido naquele ano de 1926. Com muita pesquisa histórica para reconstituir aquele tempo dos rios perigosos, dos seringais decadentes e das casas aviadoras em bancarrota; e a ficção delirante em que personagens reais e fictícios circulam com a determinação da procura de uma saída. A vida no interior de um navio, o dia a dia de um “selvagem” que se quer crer assim em sua desesperada necessidade de volta “às origens” e uma riqueza de detalhes descritivos que impressionam os sentidos. Látex pretende ser um grito de um tempo desses seringais, portos de abastecimento de lenhas, gaiolas, casas de aviamento e de personagens formando um amálgama elástico de esperanças, sonhos e pesadelos. Pois tudo aconteceu nesse tempo da produção da borracha na Amazônia: teatros, cafés, louças e roupas finas, roubos, assassinatos, fugas, incêndios e naufrágios. O livro, em linhas gerais trata disso. Ainda mais de um momento em que todos estavam naufragando ou morrendo junto com seus sonhos.