Eis um casal, ela loira espampanante na força da idade, de "cu soberbo, empertigado por força dos saltos demasiado altos", ele discreto, na meia idade -- e logo as más línguas suspeitam de interesseira união de conveniência. Bem enganados estão, bem enganados estamos. Por isso, "deixemo-los então passeando pela formosa Leiria neste Setembro fresco e risonho, deixemo- los sonhar com a Primavera, acreditar na ternura e nos prazeres da cama, talvez mesmo no amor, e prossigamos, invejosos, o nosso caminho e a nossa história." Por esta narrativa passa a mediocridade da pequena burguesia provinciana, um casamento falhado, a violência conjugal, as dificuldades com a educação do filho, a escola e, transversal à narrativa, a dor da picada do lacrau a lembrar-nos que "Setembro jamais será Abril, mesmo que este Sol e esta luz nos queiram convencer de que a Primavera dura todo o ano e a juventude é eterna."