Pode-se dizer que o Brasil do presente é tudo isso ao mesmo tempo. Tentar decifrar a economia do país só usando ou as lentes da euforia ou do ceticismo está errado. Pode-se entender o mercado brasileiro abdicando o uso exclusivo das análises de curto prazo e conseguirá enxergar o processo com horizontes mais amplos.
A complexa estrutura político-sócio-econômica do Brasil de hoje, pode ser simplificada relatando seus aspectos positivos e negativos, considerando que algumas fraquezas estruturais podem – e devem – ser vistas como grandes oportunidades, enquanto fortalezas, por vezes, escondem armadilhas. Esse é o fascínio do Brasil.
Mas o Brasil de crescimento, apresenta um lado obscuro, como na obra de Robert Louis Stevenson é, às vezes, o selvagem Mr. Hyde.
A situação da educação, da saúde pública, das condições de mobilidade nas grandes cidades leva ao ponto crítico da estrutura brasileira: a carência de uma competente e eficiente gestão pública, em todas as esferas de governo.
Aqui, ainda imperam as indicações políticas para cargos públicos. Empregos no governo continuam a ser a grande moeda de troca nos conchavos e alianças políticas.
O Brasil mantem uma das mais complexas estruturas burocráticas do mundo. São necessários, em média, 119 dias para se abrir uma nova empresa no país – um período de tempo muito maior que em economias sabidamente mais eficientes, como os Estados Unidos (seis dias).
Mas o absurdo cresce quando o Brasil se compara com nações reconhecidamente frágeis. Em matéria de burocracia complexa, ineficiente e cara, o Brasil perde para o vizinho Paraguai e fica atrás até da Ruanda.
O sistema tributário é péssimo e só vem piorando. O gasto das empresas para cumprir as normas dos fiscos é cerca de 45 bilhões de reais ao ano, e a carga fiscal total é uma das mais altas do mundo, com baixíssima contrapartida para a sociedade.
A infraestrutura também está muito aquém da necessidade das empresas e da ambição de crescimento do país. Todas as áreas apresentam deficiências: geração e transmissão de energia, portos, aeroportos, estradas, ferrovias, hidrovias, mobilidade urbana.
Essas falhas estruturais da economia brasileira unem-se agora a um risco conjuntural, que não pode ser ignorado: o excesso de visão de curto prazo do governo e sua crença na capacidade do Estado de arbitrar os preços da economia – uma tentação que conduz inevitavelmente ao desastre.
Agora precisa que governantes e legisladores tomem como principal missão a simplificação, a racionalização e a execução rápida das mudanças necessárias para que o desenvolvimento do Brasil seja estável e desligado a politicas de incentivos fiscais.
E até que isso não irá acontecer, o Brasil sempre será o pais do eterno futuro.","bookFormat":"EBook","publisher":{"@type":"Organization","name":""}}